O Fortalecimento da Nossa Cultura Através dos Movimentos Populares
- Afoita Produções
- 25 de set.
- 4 min de leitura
Em um Brasil onde as desigualdades sociais moldam o cotidiano das cidades, a cultura popular emerge não apenas como expressão estética, mas como ferramenta política e criativa de transformação. Movimentos como o forró, o hip hop, o funk, o samba de roda, as batalhas de poesia, as ocupações culturais e os coletivos artísticos independentes revelam que a cultura não se limita a palcos e museus: ela pulsa nas ruas, nas periferias, nas praças e vielas.

Historicamente, o povo sempre usou a cultura como forma de resistência. O forró, nascido do encontro entre zabumba, sanfona e triângulo, transformou-se em símbolo de festa e união no Nordeste, mas também de sobrevivência cultural frente às desigualdades. Assim como o repente e a literatura de cordel no sertão, ou o rap e o grafite nas cidades, esses movimentos mostram que a cultura é voz política do povo.O fortalecimento vem do reconhecimento de que cultura popular é política: quando a comunidade cria, ela também reivindica espaço, direito à cidade e reconhecimento social.
Hoje, os jovens de 18 a 35 anos são protagonistas desse processo. Eles se conectam pela internet, organizam eventos independentes, transformam a rua em palco e desafiam os modelos tradicionais de produção cultural. Quando um grupo de jovens organiza um sarau, uma batalha de rima, uma festa de bairro ou um arrasta-pé de forró fora do circuito comercial, está fortalecendo vínculos comunitários e criando uma cidade mais inteligente, participativa e criativa.

Se fala muito em “cidades inteligentes” com base em tecnologia digital. Mas não existe cidade inteligente sem inteligência cultural. O verdadeiro “smart” está em reconhecer os saberes populares, valorizar os coletivos e integrar políticas públicas que fortaleçam a base criativa das comunidades.
Um muro pintado por artistas locais tem tanto impacto quanto um painel tecnológico ou um quadro exposto em um museu: todos comunicam, mas de formas diferentes. O mural de rua cria pertencimento imediato e coletivo, enquanto o museu oferece memória e profundidade histórica. Juntos, constroem uma cidade onde a arte dialoga com todos os espaços — do chão da praça às paredes das galerias.

O desafio é transformar esse movimento em política criativa: apoiar coletivos, criar editais acessíveis, oferecer infraestrutura cultural descentralizada, reconhecer a produção cultural da periferia e do interior.A cultura popular não precisa de tutela, mas de caminhos para autonomia e sustentabilidade. O Estado, as universidades e os espaços independentes devem atuar como parceiros, não como donos da agenda.
Fortalecer nossa cultura significa ouvir o povo, apoiar os movimentos de base e entender que a cultura é a raiz do desenvolvimento social. É no forró, nas batalhas de rima, nos terreiros, nas praças ocupadas, nas festas populares e nos saraus que o futuro da nossa identidade está sendo construído.
Se queremos cidades mais humanas, sustentáveis e inteligentes, precisamos começar da rua para o mundo – porque é no movimento popular que a cultura encontra sua força mais autêntica. E é nesse horizonte que nossas pesquisas apontam: em Irecê, o Casulo Criativis se levanta como um movimento solar punk, onde arte, juventude e sustentabilidade se entrelaçam para reinventar a cidade a partir da criatividade popular e dos sonhos coletivos.
Este artigo é também um convite: venha pesquisar, participar e fortalecer o Casulo. Cada voz, cada gesto e cada criação conta. Juntos, podemos provar que a cultura não é apenas espelho da cidade – ela é motor, raiz e futuro de um Sertão mais justo, criativo e inteligente.
Inscrições Abertas!O Casulo Criativis é um movimento solar punk que nasce em Irecê para transformar nossa cultura e nossas cidades.
Quer fazer parte dessa pesquisa e construir junto esse futuro criativo?Inscreva-se agora no formulário: Clique aqui
Da rua para o mundo: sua participação fortalece o movimento!
Bibliografia
BRASIL. Plano Setorial para as Culturas Populares. Ministério da Cultura. Brasília, 2010. Disponível em: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/plano-nacional-de-cultura/texto/arquivos-pdf/CulturaspopularesPlanoSetorial.pdf. Acesso em: 25 set. 2025.
FAPESP. A cultura popular na fabricação da identidade nacional. Revista Pesquisa Fapesp, São Paulo, 2022. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/a-cultura-popular-na-fabricacao-da-identidade-nacional/. Acesso em: 25 set. 2025.
GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Políticas públicas, culturas populares e patrimônio cultural imaterial: meios e alternativas. Ra’e Ga – O Espaço Geográfico em Análise, Curitiba, v. 25, n. 1, p. 113-134, 2012.
FERNANDES, Ricardo; MATTOS, Cláudia. Cultura e política no Brasil atual. Fundação Perseu Abramo. São Paulo, 2021. Disponível em: https://fpabramo.org.br/publicacoes/wp-content/uploads/sites/5/2021/05/Cultura-pol%C3%ADtica-no-Brasil-atual-WEB.pdf. Acesso em: 25 set. 2025.
MINISTÉRIO DA CULTURA. Saberes e expressões tradicionais e populares são fundamentais para a cultura brasileira. Brasília, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/201cos-saberes-e-expressoes-tradicionais-e-populares-sao-fundamentais-para-a-cultura-brasileira-afirma-ministra. Acesso em: 25 set. 2025.
ARCHTRENDS. Solarpunk: o movimento que une natureza, tecnologia e coletividade. Blog Archtrends Portobello, 2023. Disponível em: https://blog.archtrends.com/solarpunk/. Acesso em: 25 set. 2025.
LÉFÈBVRE, Henri. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: Edusp, 1996.
IRECÊ. Plano Territorial de Desenvolvimento Sustentável – PTDS Irecê 2021. Prefeitura Municipal de Irecê. Irecê, 2021.
BAHIA. Diagnóstico Sociocultural do Território de Identidade de Irecê. Secretaria de Cultura da Bahia (SECULT/BA). Salvador, 2022.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Cultura e Trabalho no Brasil – dados sobre a informalidade no setor cultural. Brasília, 2022.
CASULO CRIATIVIS. Relatório de Pesquisa e Intervenção Cultural – Movimento Solar Punk em Irecê. Irecê, 2025. [Documento interno de pesquisa do Hub Cultural Casulo Criativis].
TAIPA ARQUITETURA. Projetos Urbanos e Culturais para o Sertão Baiano. Portfólio técnico. Irecê, 2024.




Comentários